Resisti, ao máximo, a manifestar preferência pública sobre a eleição da Associação Paraibana de Imprensa, apesar de ter meu voto e decisão a ser sufragada no momento e espaço próprios: na urna e no dia da escolha.
Por um sentimento. Uma entidade, feito a nossa, deve (ou deveria) rejeitar a sedutora tentação de repetir as mesmas e batidas práticas das eleições tradicionais, marcadas pelo manjado e pobre embate de fotos, claques, adesões, ataques, acusações e barracos em assembleias.
Nossa classe, creio, é maior do que esse modelo tão desgastado da política partidária ou sindical, onde no vale tudo pelo poder sobram brigas, ranger de dentes, denúncias e desqualificação e faltam civilidade, tolerância e respeito. Respeito pela própria harmonia e conceito da categoria, algo superior a nomes passageiros, projetos individuais e vaidades.
Em homenagem a esse propósito e convicção, recebi serenamente a visita dos nossos dois candidatos: o diligente João Pinto e a qualificada professora Sandra Moura, respectivamente, presidente e vice da API, que – depois de uma aliança de três anos – agora disputam o comando da Associação.
Enquanto filiado e dirigente de um veículo (Portal MaisPB), em reunião ouvi atentamente as visões e propostas de ambos. Emiti opiniões e dei sugestões, especialmente, sobre a contemporaneidade do jornalismo paraibano, com forte presença da mídia digital como protagonista em conteúdo, novos costumes e importante geradora de empregos.
Assisti o desenrolar do processo e, mesmo convidado a participar de chapa, optei pelo acompanhamento com olhos externos (quem vê de fora, vê melhor), distante da peleja e sem envolvimento passional, apesar de contar com muitos colegas e amigos a quem admiro militando ou concorrendo no pleito. Dos dois lados. E o fiz em deferência ao entendimento pessoal de que nosso segmento precisa ser vacinado da vala comum.
Esforço quebrado quinta-feira pela judicialização da eleição, resultado de demanda jurídica manejada pela chapa da professora Sandra Moura, que, recorrendo às barras dos tribunais, suspendeu o processo eleitoral agendado para este fim de semana, sob o argumento de irregularidades em cerca de 100 filiações. Filiações estas que passaram pelo crivo de Gilson Souto Maior e Professor Trindade, por exemplo, gente respeitável e insuspeita.
O despacho judicial e sua repercussão negativa empurraram todos nós, com a imagem da API junta, a descer um degrau e ao nível que tanto criticamos nos outros. Como verazmente sintetizou e ensinou, em artigo no site Jornal da Paraíba, o decano jornalista Sílvio Osias – com autoridade de eleitor da professora Sandra -, o ato depôs em desfavor da própria chapa autora e da mais representativa entidade da imprensa paraibana.
No primeiro caso, pelo atestado antecipado de derrota. No segundo, pela demonstração pública de nossa sugerida incapacidade de realizar, pacifica e civilizadamente, uma singela eleição para um eleitorado tão pequeno quanto seleto.
Talvez, o calor emocional e a dimensão política militante e passional, a que alguns descambaram, induziram o equívoco dessa leitura e encaminhamento. Ao ponto da chapa que prega resgate e vanguarda ter cometido o erro de contribuir – voluntária ou involuntariamente – para apequenar mais uma instituição que já luta, e não é de hoje, contra gradativo e histórico estágio de diminuição de sua estatura. Uma ironia.
Se antes, o humilde, modesto e trabalhador João Pinto tinha meu desimportante e discreto voto para continuar seu trabalho pela Associação, agora tem minha convicção. E ela chegou quinta-feira no timbre da sentença da juíza Ivanoska Maria.