Primeiro fez uma autocrítica: “Eu não sou o dono da verdade, não sou poupado do erro, eu cometo erros. Eu cometo erros e não me custa nada reconhecer erros”. Depois, um aceno ao PT: “O Brasil nunca será um país em paz enquanto o companheiro Luiz Inácio Lula da Silva não restaurar a sua liberdade. Eu luto por isso”.
A favor de Ciro, diga-se que ele suou a camisa para ser o candidato da esquerda a presidente. O PT refugou-o: “Nem com reza braba” ela seria, anunciou a senadora Gleisi Hoffman, presidente do partido. O PC do B lançou Manuela d’Ávila candidata de olho na vaga de vice de Lula. O PSOL, Guilherme Boulos.
Desprezado pela esquerda, Ciro passou a cortejar a direita que queria distância da candidatura de Jair Bolsonaro. Chegou a conquistar o apoio do PP e do Solidariedade. Sonhou com a adesão do DEM e do PR do ex-mensaleiro Valdemar da Costa Neto. Acabou também desprezado pela direita.
Como das outras duas vezes em que foi candidato a presidente, Ciro derrapou mais pelo que disse do que pelo que fez. Para atrair a esquerda, radicalizou seu discurso. Para mais recentemente atrair a direita, suavizou-o no que pode. Não despertou confiança em nenhum dos lados. Moveu-se como uma biruta de aeroporto.
Em certo momento, disse que se eleito revogaria a reforma trabalhista aprovada pelo Congresso. Para depois afirmar que não seria bem assim. Prometeu anular a eventual fusão da Embraer com a Boeing. Corrigiu-se mais adiante. Chamou um vereador negro de “capitão do Mato”. E uma promotora de filha-da-puta.
Seguirá no jogo e, ao cabo, poderá perder para ele mesmo.
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