Coitada da cidade do Rio!
Coitado do Estado do Rio!
Tão perto do Cristo Redentor e tão longe de Deus!
A figura pública de Marcelo Crivella (PRB), prefeito da capital, se esfarelou numa velocidade inédita até para os padrões locais, onde também virou escombros a reputação do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que está preso. No segundo ano de mandato, o prefeito se tornou um morto-vivo.
Crivella amargou dois reveses nesta segunda.
O primeiro diz respeito ao tempo em que foi ministro da Pesca, na gestão Dilma. Uma ação por improbidade administrativa investiga a contratação, pelo Ministério, da empresa Rota Nacional Comércio e Manutenção de Equipamentos Eletrônicos para o fornecimento e instalação de vidros e acessórios no prédio onde funcionava a pasta. Segundo o Ministério Público Federal, a própria Controladoria Geral da União constatou a contratação de serviços “sem necessidade demonstrada”, com um sobrepreço de R$ 411.595 mil.
O juiz federal Renato C. Borelli, da 20ª Vara Federal, do Distrito Federal, decretou nesta segunda, o bloqueio de bens de Crivella e de outros oito investigados até o limite de R$ 3.156.277,60.
Benefícios indevidos a fiéis de sua Igreja
Em outra frente, o juiz Rafael Cavalcanti Cruz, da 7ª Vara de Fazenda Pública da Capital, atendeu a pedido do Ministério Público e determinou que o prefeito pare de usar a administração para beneficiar fieis de sua igreja — a Universal do Reino de Deus. Crivella é bispo da Iurd e sobrinho de Edir Macedo, o manda-chuva da Igreja.
Na quarta da semana passada, Crivella realizou uma reunião secreta com 250 pastores e representantes da sua igreja, na sede da administração, e prometeu, entre outros benefícios, privilegiar os evangélicos de sua corrente no caso da fila de espera por cirurgia de catarata e varizes. Também anunciou uma assistência especial a pastores que estivessem enfrentando problemas de IPTU em seus templos. Também esse é um caso de improbidade administrativa.
Cruz ameaçou o prefeito com o afastamento do mandato caso descumpra a determinação de não privilegiar na gestão nenhum segmento religioso. A Prefeitura promovia ainda uma espécie de censo clandestino para identificar a crença de servidores. Não se sabe exatamente com quais propósitos.
Em áudio gravado pelo jornal “O Globo”, o prefeito afirmou o seguinte sobre o IPTU na tal reunião:
“É só conversar com a Márcia que ela vai anotar, vai encaminhar e, daqui a uma semana ou duas, eles estão operando. (…) Igreja não pode pagar IPTU, nem em caso de salão alugado. Mas, se você não falar com o doutor Milton, esse processo pode demorar e demorar. Nós temos que aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na Prefeitura para esses processos andarem. Temos que dar um fim nisso”.
Tal reunião chegou a motivar um pedido de impeachment do Prefeito, mas 29 vereadores se negaram a dar seguimento à denúncia, contra 16, que a apoiaram.
Na metade de seu segundo ano de mandato, Crivella é um pato manco, que já não lidera mais nada. Em março, com menos problemas do que hoje, o prefeito tinha a gestão reprovada por 58% dos moradores da cidade do Rio; apenas 10% a aprovavam.
Porfírio Diaz, que governou o México entre 1884 e 1911, entrou para a história menos por ser o governante que estava no poder quando começou a revolução, em 1910, do que pela autoria de uma frase: “Pobre México! Tão longe de Deus, tão perto dos EUA”. Nota à margem: Donald Trump parece querer conferir verdade nova à frase…
Adapto o dito. Pobre Rio! Tao perto do Cristo Redentor, tão longe de Deus!
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