Pobre Rio! Tão perto do Cristo Redentor e tão longe de Deus! Por Reinaldo Azevedo – Heron Cid
Bastidores

Pobre Rio! Tão perto do Cristo Redentor e tão longe de Deus! Por Reinaldo Azevedo

17 de julho de 2018 às 09h43 Por Heron Cid
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro acusado de privilegiar fiéis da Igreja Universal

Coitada da cidade do Rio!

Coitado do Estado do Rio!

Tão perto do Cristo Redentor e tão longe de Deus!

A figura pública de Marcelo Crivella (PRB), prefeito da capital, se esfarelou numa velocidade inédita até para os padrões locais, onde também virou escombros a reputação do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que está preso. No segundo ano de mandato, o prefeito se tornou um morto-vivo.

Crivella amargou dois reveses nesta segunda.

O primeiro diz respeito ao tempo em que foi ministro da Pesca, na gestão Dilma. Uma ação por improbidade administrativa investiga a contratação, pelo Ministério, da empresa Rota Nacional Comércio e Manutenção de Equipamentos Eletrônicos para o fornecimento e instalação de vidros e acessórios no prédio onde funcionava a pasta. Segundo o Ministério Público Federal, a própria Controladoria Geral da União constatou a contratação de serviços “sem necessidade demonstrada”, com um sobrepreço de R$ 411.595 mil.

O juiz federal Renato C. Borelli, da 20ª Vara Federal, do Distrito Federal, decretou nesta segunda, o bloqueio de bens de Crivella e de outros oito investigados até o limite de R$ 3.156.277,60.

Benefícios indevidos a fiéis de sua Igreja
Em outra frente, o juiz Rafael Cavalcanti Cruz, da 7ª Vara de Fazenda Pública da Capital, atendeu a pedido do Ministério Público e determinou que o prefeito pare de usar a administração para beneficiar fieis de sua igreja — a Universal do Reino de Deus. Crivella é bispo da Iurd e sobrinho de Edir Macedo, o manda-chuva da Igreja.

Na quarta da semana passada, Crivella realizou uma reunião secreta com 250 pastores e representantes da sua igreja, na sede da administração, e prometeu, entre outros benefícios, privilegiar os evangélicos de sua corrente no caso da fila de espera por cirurgia de catarata e varizes. Também anunciou uma assistência especial a pastores que estivessem enfrentando problemas de IPTU em seus templos. Também esse é um caso de improbidade administrativa.

Cruz ameaçou o prefeito com o afastamento do mandato caso descumpra a determinação de não privilegiar na gestão nenhum segmento religioso. A Prefeitura promovia ainda uma espécie de censo clandestino para identificar a crença de servidores. Não se sabe exatamente com quais propósitos.

Em áudio gravado pelo jornal “O Globo”, o prefeito afirmou o seguinte sobre o IPTU na tal reunião:
“É só conversar com a Márcia que ela vai anotar, vai encaminhar e, daqui a uma semana ou duas, eles estão operando. (…) Igreja não pode pagar IPTU, nem em caso de salão alugado. Mas, se você não falar com o doutor Milton, esse processo pode demorar e demorar. Nós temos que aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na Prefeitura para esses processos andarem. Temos que dar um fim nisso”.

Tal reunião chegou a motivar um pedido de impeachment do Prefeito, mas 29 vereadores se negaram a dar seguimento à denúncia, contra 16, que a apoiaram.

Na metade de seu segundo ano de mandato, Crivella é um pato manco, que já não lidera mais nada. Em março, com menos problemas do que hoje, o prefeito tinha a gestão reprovada por 58% dos moradores da cidade do Rio; apenas 10% a aprovavam.

Porfírio Diaz, que governou o México entre 1884 e 1911, entrou para a história menos por ser o governante que estava no poder quando começou a revolução, em 1910, do que pela autoria de uma frase: “Pobre México! Tão longe de Deus, tão perto dos EUA”. Nota à margem: Donald Trump parece querer conferir verdade nova à frase…

Adapto o dito. Pobre Rio! Tao perto do Cristo Redentor, tão longe de Deus!

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