Falta algo na investigação sobre a dupla militância do ex-procurador Marcelo Miller. Em denúncia judicial, a Procuradoria acusa Miller de servir a “dois senhores”. De um lado, assessorava a Lava Jato como procurador. Do outro, vendia sua mão de obra à JBS do corrupto confesso Joesley Batista. A dupla militância rendeu a Miller pelo menos R$ 700 mil. E os delatores da JBS ganharam o prêmio máximo da imunidade penal. Falta responder: 1) Que mercadorias Miller vendeu a Joesley? 2) Quem foram os cúmplices de Miller na Procuradoria?
Investigação da Polícia Federal revelou na semana passada que pelo menos um integrante da força-tarefa da Lava Jato em Brasília soube que Miller, ainda na pele de procurador, começou a atuar para um escritório que defendia os interesses da JBS. A despeito disso, nenhuma investigação foi aberta na gestão do então procurador-geral Rodrigo Janot para esclarecer a esquisitice.
Hoje, por conta da descoberta dessa lambança, o acordo de colaboração com a JBS está suspenso, à espera de uma decisão do Supremo. Dá-se de barato que, aconteceça o que acontecer, as provas que enrolaram Michel Temer e Aécio Neves não perderão a validade. Mas isso não basta. A Lava Jato é vista como uma espécie de São Jorge. Descobriu-se que um procurador, em vez de salvar a donzela, preferiu casar com o dragão. É preciso deixar muito claro quem abençoou essa união na Procuradoria.
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