Isso será possível? Possível, sim. Marina é vista pelos eleitores, mesmo por aqueles que não a admiram, como alguém que veio do andar de baixo e que sabe como poucos políticos o que é ser pobre e ter que lutar para sobreviver em um país tão desigual como o Brasil. Sobreviveu à miséria, a doenças que quase lhe custaram a vida, e aos preconceitos.
Soube abrir espaço à base de cotoveladas gentis e afirmar-se como uma figura pública que jamais abriu mão dos seus princípios. Passou incólume por todos os escândalos que destruíram a boa reputação do seu partido de origem, o PT. Serviu como ministra do Meio Ambiente ao primeiro governo Lula, mas nem por isso se deixou contaminar pela podridão do ambiente em torno.
Por duas outras vezes, já foi candidata a presidente e perdeu. Mas saiu de cada uma delas maior do que entrou. Em 2014, ao suceder como candidata a Eduardo Campos, morto em um acidente de avião, Marina chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto. Com pouco tempo de rádio e de televisão para se defender, acabou como vítima do formidável poder de fogo da dobradinha Dilma-Aécio.
Sem Lula candidato, porque ele não o será, Marina é a segunda colocada em todas as pesquisas de intenção de voto conhecidas até aqui. Nas simulações de segundo turno, é o único nome, no momento, capaz de derrotar o deputado Jair Bolsonaro (PSL). Se assim permanecer até meados de setembro, poderá beneficiar-se do voto útil dos que admitem tudo, menos Bolsonaro presidente.
É nisso que Marina aposta. Ela insiste em ganhar ganhando, sem as concessões que poderiam levá-la a ganhar perdendo, como diz. É uma postura pouco realista, mas combina com ela. E não faz mal ao país. Pelo contrário.
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