Começou a Copa do Mundo. Nas próximas semanas, a plateia, que já olha com má vontade para a política, tende a desligar a realidade da tomada. Enquanto a seleção brasileira estiver na disputa, Lula, Bolsonaro, Marina, Ciro e Alckmin farão parte de um time de estraga-prazeres. O recesso compulsório é uma oportunidade para que os candidatos reflitam sobre sua incapacidade de oferecer esperança aos brasileiros que planejam jogar o voto no lixo em outubro: 34% do eleitorado, segundo o Datafolha.
Em meio a muitas dúvidas, já é possível fazer uma previsão com boa dose de certeza: o quadro de candidatos sofrerá uma lipoaspiração. A fase de teste de candidaturas vai chegando ao limite. Durante a Copa, acertos celebrados no vestiário, longe dos refletores, empurrarão para fora do campo candidatos sem voto, liberando os partidos para engatar os seus interesses nas coligações mais convenientes.
É preciso melhorar a qualidade da partida. Lula ficou parecido com o Maradona na Copa de 86, no jogo contra a Inglaterra. Acha que, saltando na pequena área do TSE em agosto, pode fazer gol com a mão. Candidatos com o Ciro Gomes e Geraldo Alckmin disputam o tempo de TV de PPs e PRs. Imaginam que, em plena era da corrupção, ninguém vai notar a troca de passes com legendas sujas. Pode ser. Mas convém lembrar a pergunta de Garrincha para o técnico Vicente Feola: “Já combinou com os russos.” Numa eleição, quem decide o jogo são os “russos” da arquibancada, que andam irritados.
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