De todos os fenômenos da temporada pré-eleitoral o mais inusitado é o desespero do chamado “centro político”. A provável ausência da foto de Lula nas urnas de outubro estimulou nos partidos desse campo a ilusão do poder. Surgiram pelo menos sete candidatos: Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, Alvaro Dias, Rodrigo Maia, Flávio Rocha, João Amoêdo e Paulo Rabello de Castro. Quem tem sete candidatos não tem nenhum. Todos frequentam as pesquisas na casa de um dígito -ou nem isso.
A penúltima tentativa de unificar o centro foi o lançamento de um manifesto que escancarou a desunião. Os críticos do PSDB enxergaram a iniciativa como uma tentativa de levar água para o moinho seco de Geraldo Alckmin. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, chamou o debate sobre a unificação do centro de “conversa de bêbado”.
Geraldo Alckmin, o nome mais bem-posto no pelotão dos retardatários, tornou-se um candidato sem nexo. Ele diz que Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas sem Lula, vai murchar. Ao mesmo tempo, desafia Bolsonaro nas redes sociais para debater sobre segurança pública. Faz isso porque perde terreno para ex-capitão do Exército justamente em São Paulo, o Estado que governou quatro vezes. O desespero do chamado “centro” se deve ao medo de ficar fora do segundo turno da disputa presidencial. Esse risco tornou-se real.
UOL