É hora de rediscutir privilégio da prisão especial. Por Josias de Souza – Heron Cid
Bastidores

É hora de rediscutir privilégio da prisão especial. Por Josias de Souza

24 de maio de 2018 às 08h47 Por Heron Cid

Sergio Moro trancou Lula numa “sala reservada” da Polícia Federal. Atribuiu o privilégio à “dignidade do cargo” que o preso ocupou. O juiz Luiz Carlos Rezende e Santo também enviou o tucano Eduardo Azeredo para uma “sala de Estado Maior”. Por quê? As penitenciárias mineiras ”passam por problemas de toda sorte”, escreveu o juiz. E Azeredo, figura de “inegável status”, “ex-governador”, merece  “segurança individualizada”, justificou o magistrado. Decisões desse tipo ajudam o brasileiro a enxergar mais uma velha anomalia nacional: a cana dos poderosos.

No Brasil, os criminosos são tratados conforme o status social e a graduação profissional. Um político poderoso ou qualquer cidadão com canudo universitário —médico, advogado, jornalista…— mata uma pessoa e vai para uma prisão especial. Um jovem da periferia é flagrado com uma pequena quantidade de maconha e é enfiado numa cela superlotada, virando mão-de-obra para as facções criminosas.

Um ex-presidente e um ex-governador se beneficiam de dinheiro roubado do povo e vão para acomodações com banheiro privativo, TV individual, roupa de cama limpa, café da manhã, almoço, jantar e ceia. A suavidade do castigo é regulada pela origem do preso, não pela gravidade do crime. É aviltante, mas tem amparo legal. Ou igualam-se os presos ou elimina-se o privilégio. Extinguindo-se a cana especial, petistas e tucanos organizarão passeatas contra o abandono e a superlotação das prisões. Do contrário, logo, logo haverá filas de sem-teto exigindo hospedarias especiais como as de Lula e Azeredo.

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