A condenação joga por terra algumas sofismas. Primeiro, só o PT fora para a guilhotina pelos seus mal-feitos. Mentira. Na Lava Jato, 17 partidos entraram na dança. Quem passou pela mão de Sérgio Moro, na circunscrição da Vara Federal de Curitiba, foi à lona.
Exceção dos que, nessa investigação, munidos de foro privilegiado contaram com o benefício da procrastinação.
Azeredo, que não tem nada na Lava Jato, é um desses políticos. Usou e abusou do foro quando senador da República e deputado federal, o que lhe rendeu duas décadas de chicanas jurídicas.
A história é longa. Em 2007, a Polícia Federal concluiu inquérito apontando que estatais mineiras eram usadas para desviar dinheiro para a campanha eleitoral de Eduardo. Marcos Valério, o mesmo operador do mensalão do PT, comandava o esquema. Uma operação semelhante ao que ocorreu no Governo Lula e este sempre sustentou o bordão: “não sabia de nada”.
Azeredo foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República. Em 2009, a denúncia foi aceita pelo Supremo Tribunal Federal. Em 2014, a procuradoria pediu a condenação ao tucano, que já era deputado federal. Malandramente, ele renunciou ao mandato para o processo descer à Justiça de Minas Gerais.
Em 2015, saiu a primeira condenação de 20 anos e dez meses de prisão. Ele recorreu. O caso desembarcou na segunda instância em 2017. O Tribunal de Justiça manteve a condenação.
O desfecho já veio com os efeitos da jurisprudência consolidada há pouco pelo STF e tão duramente criticada por setores da esquerda. Julgado em segunda instância, Azeredo vai imediatamente à prisão, sem ter o direito de levar com a barriga por mais uma década até chegar ao tão invocado “trânsito em julgado”. Uma brecha que só serve para manter condenado solto.
É aí que desmorona o segundo sofisma. A nova interpretação do Supremo, amplamente aprovada pela maioria dos brasileiros, não se presta ao papel de apenas atingir Lula, como alardeiam os petistas. É justamente ela quem está levando malfeitores do PSDB, que já foi o principal partido da Oposição, a começar a dividir o cárcere com o PT.
Mesmo à fórceps, o Brasil segue mudando. E os fatos mostrando que os ditos ‘diferentes’ estão ficando cada vez mais iguais. Na política e na Justiça.