Michel Temer mandou confeccionar uma cartilha de 32 páginas para falar bem de si mesmo e do seu governo entusiasmante, que fez aniversário de dois anos. Organizou uma pajelança no Planalto para discursar sobre um Brasil hipotético presidido por um estadista presumido. Numa hora dessas, gastar dinheiro com celebrações destinadas a abafar a impopularidade presidencial não passa de uma variante do velho costume de jogar o suor do contribuinte pela janela.
Temer deveria fugir de balanços. Depois do grampo do Jaburu, a reforma da Previdência foi para as cucuias. Junto com ela, foi para o beleléu a perspectiva de recuperação pujante da economia, dos empregos e das finanças públicas. Denunciado duas vezes e investigado em dois inquéritos, Temer apodrece no cargo. Está cercado de auxiliares denunciados, seu sigilo bancário foi quebrado, os amigos estão na cadeia ou no banco dos réus… Mas Temer fala sobre seu governo radioso sem mencionar a corrupção.
Os 70% de brasileiros que gostariam de adiantar o relógio para abreviar o ocaso do governo, entre eles os 13,7 milhões de desempregados, depois de ler a cartilha do Planalto e ouvir as manifestações de Temer, poderiam pedir para viver no país que ele descreve com tanta euforia, seja ele onde for. Quem não gostaria de viver no Brasil da cartilha, um país onde estrume é um o outro nome de diamante?
UOL