“Se Lula é inocente, se a maioria do povo quer votar nele, se à luz da Constituição seus direitos políticos estão assegurados, por qual razão deixaríamos de apresentá-lo como candidato?” – indaga Gleisi. E ela mesma responde: “Seria fazer o jogo de seus algozes, que querem uma eleição sem Lula”, (…) “o maior líder popular brasileiro”.
A carta de Gleisi se ampara numa premissa falsa: a inocência de Lula. A Justiça o condenou a 12 anos e um mês de cadeia. E a não ser que ela se arrependa do que fez, condenado ele está. A não ser que no mundo de Gleisi a última palavra não caiba à Justiça. Ou possa caber desde que a Justiça só faça a vontade de Gleisi e dos seus companheiros.
Há outra falsidade na carta da senadora. É quando ela diz que os direitos políticos de Lula estão assegurados, e, portanto, ele teria direito a se candidatar. Assegurado está o direito de o PT pedir o registro da candidatura dele. Que lhe será negado porque Lula, à luz da lei da ficha limpa, não poderá ser candidato. Simples assim.
A Lula, como se vê pela carta de Gleisi, não basta estar preso. Ele quer a esquerda inteira presa junta com ele, e não só o PT. Ele quer que ela só saia da cela em Curitiba quando ele sair. E que, portanto, continue a obedecer às suas ordens. Quando nada, segundo Gleisi, porque se tudo der errado, Lula saberá depois o que fazer.
Ciro está livre para ser candidato porque não é de esquerda, e o PDT que foi de esquerda na época de Leonel Brizola, hoje é de um negociante assalariado da Assembleia Legislativa do Rio que ganha sem trabalhar. Manuella do PC do B e Guilherme Boulos do PSOL são também prisioneiros de Lula. Fingem que não. Mas são.
A esquerda deixa-se arrastar para a cela de Lula sem oferecer maior resistência. Ao fim e do cabo, chegará dividida e fraca às portas das eleições de outubro. Terá cavado com as próprias mãos sua sepultura.