Freud explica: Barbosa, a nova Inês de Castro da política. Por Reinaldo Azevedo – Heron Cid
Bastidores

Freud explica: Barbosa, a nova Inês de Castro da política. Por Reinaldo Azevedo

9 de maio de 2018 às 09h23 Por Heron Cid

Joaquim Barbosa é a mais nova Inês de Castro da política brasileira: aquele que foi sem nunca ter sido.

Mais uma vez, ensaiou, ciscou, provocou marola, deu a entender que poderia ir para um lado, foi para o outro e, no fim, tudo terminou como costumam terminar as aventuras de Joaquim Barbosa quando se trata da vida pública: ele sai com seu ego inchado e satisfeito, e o resto que se dane.

A simples possibilidade de que viesse a se candidatar, os temores que mobilizou — e por bons motivos — e agora o desfecho dão conta da miséria a que foi relegada a política brasileira, que é hoje refém do PIPO, o Partido da Polícia, que une Polícia Federal, Ministério Público Federal e a quase totalidade da imprensa, com os ditos “comentaristas” a constituir a vanguarda do retrocesso. Aliás, como há comentaristas na imprensa brasileira! A sua expansão quantitativa é diretamente proporcional a seu analfabetismo qualitativo. Cuidado! Se você encontrar aqui e ali uma frase que lhe pareça bem construída e algum raciocínio engenhoso, recorra ao Google. Costuma ser plágio ou cópia mesmo, sem o devido crédito. Adiante.

Por que Barbosa desistiu daquilo que a, a rigor, nunca assumiu?

Em primeiro lugar, porque há temperamentos como o dele. Trata-se de um tipo psicológico que é estimulado pelo, vou pedir aqui um auxílio ao tio Freud, o “princípio do prazer”, “lustprinzip”, em alemão. Esse é o universo da criança. Não está preparada para as dificuldades. Desde bebê, se sente frio, fome ou algum outro desconforto, chora em busca da recompensa, que é a cessação do incômodo. Ao “princípio do prazer”, opõe-se o “princípio da realidade”. É próprio do amadurecimento. As pessoas aprendem a esperar para ter a gratificação. Acabam sendo educadas pelo desprazer, pela dor, pelas carências — não me refiro aqui às materiais necessariamente. Obter a gratificação sob o império do “princípio da realidade” requer planejamento. Não basta querer.

Barbosa chegou bastante cedo, aos 48 anos, ao topo da carreira jurídica no país: tornou-se ministro do Supremo. Optou por uma aposentadoria precoce, 11 anos, depois, porque, porque, porque… Bem, por causa do princípio da realidade. Aquele troço lá também tem seu lado chato. Com absoluta certeza, ganha mais como como parecerista, consultor, palestrante…. Não atua como advogado, por exemplo, o que também requer aquele planejamento que não se limita ao mundo da vontade.

Sim, Barbosa tinha condições de provocar estrago em várias pré-candidaturas. Pesquisas fechadas, privadas, encomendadas por empresas, evidenciavam que ele poderia ser um furacão eleitoral. Porque, em muitos aspectos, ele é a personagem ideal inventada pela Lava Jato e pela imprensa para governar o Brasil:
– não é corrupto — nem teve a oportunidade para isso;
– sabe fazer o discurso moralista, que é aquela moral em que os princípios se conformam sem realidade;
– tem fama de severo;
– é avesso a acordos;

E vai por aí…

É bem verdade que também não é dotado de nenhuma ideia. Mas isso não fazia grande diferença.

Sejamos objetivos, precisos, cirúrgicos: a única boa notícia gerada pela pré-candidatura de Joaquim Barbosa é a sua desistência.

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