Não estava nos planos. Veneziano Vital do Rêgo trabalharia para renovar o mandato numa eleição que se prenuncia imprevisível para todos os deputados federais. Nenhum deles sabe ao certo o que sairá da cabeça do eleitor.
Convocado pelo PSB, topou o que ele próprio denomina de “mais um desafio”. A permanência do governador Ricardo Coutinho no cargo e a saída do páreo ao Senado foi um facilitador.
Veneziano está na pista. E, tomando como base a entrevista que ele deu ao autor do Blog ontem, o neo-socialista está consciente dos obstáculos pelo caminho. De cara, Cássio Cunha Lima e Raimundo Lira, os dois senadores que vão tentar reeleição e, por isso mesmo, que já partem com certa vantagem.
Dentro do seu próprio bloco, Veneziano precisa vencer escaramuças com os ditos setores progressistas, a começar pelo PT e a indisposição de votar nele pelos resquícios de sua posição no processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Para essas pedras no caminho, o deputado federal já sinaliza discursos. Em vários pontos da entrevista, Veneziano sacou a palavra demagogia e o adjetivo ‘demagogo’ para atirar em posicionamentos que alcunha de oportunistas para ganhar plateias de ocasião.
Ao embate provocado pelo PT, o pré-candidato ao Senado evita histerismos e confronto direto e saca ao seu favor o histórico de aliado nas últimas quatro eleições presidenciais. Diz que seu voto pela abertura do processo de impeachment guarda coerência com sua postura de apoio às investigações contra o presidente Michel Temer, do seu partido, e que lhe rendeu censuras e retaliações do PMDB.
Se por um lado, apresenta fala bem articulada, vacina contra rótulos e radicalismos e facilidade de penetrar no eleitorado do Compartimento da Borborema, por outro Veneziano tem pelo menos duas barreiras a superar.
A primeira: falta elencar ou destacar com firmeza algumas ações ou proposições do seu mandato na Câmara que justifiquem o eleitor renovar o crédito e premiar o ‘legislador’ Veneziano para um espaço ainda maior de debates, a Casa Alta do Senado. E aí não vale apenas a postura contra reforma trabalhista, até porque quatro anos não podem se resumir a uma sessão.
Segundo: fazer esforço para sedimentar liga com um grupo político com o qual por muito tempo digladiou e protagonizou forte contraponto, quando Oposição ao Governo Ricardo Coutinho. Por mais que diga que está bem à vontade no PSB, precisa vencer restrições ou desconfortos de setores socialistas, gerados dos embates de outrora e da divergência de visões de mundo.
São tarefas a cumprir nessa fase de pré-campanha. Ao seu favor, o tempo e o prazo. Para o filho de Antônio Vital do Rêgo e Nilda Gondim, a batalha até outubro está só no começo. E um adendo lhe impulsiona: a de 14 anos atrás foi muito mais difícil.