Balanço do Ministério Público Federal (MPF) aponta: desde quando iniciada, quatro anos atrás, a força tarefa da operação Lava Jato recuperou R$ 11,5 bilhões em acordos de delação premiada.
Os valores foram desviados principalmente da Petrobras, mas envolvem também outras empresas públicas e esquemas que se ramificaram pelos estados.
Por enquanto, já R$ 759 milhões foram devolvidos aos cofres públicos. Outros R$ 3,2 bilhões estão bloqueados pela Justiça, à espera de uma decisão sobre o destino do dinheiro.
Os números dão uma ideia assustadora de quanto a corrupção suga da máquina pública. Um dinheiro que, se não desviado, deveria servir para aplicação em investimentos para minimizar a péssima saúde pública ou oferecer alguma qualidade à educação, para ficar em duas áreas vitais.
Os dados também nos provocam a uma indagação: para onde irá esse dinheiro resgatado pela Lava Jato. Essa é uma discussão ignorada até então. O que a União deve fazer com essa fortuna?
Um bom começo seria transformar recursos desviados em orçamento na Educação, especialmente para fomentar a formação cidadã nas escolas, na consciência de valores de honestidade e o combate à corrupção desde a infância.
Num país como o nosso, assolado por essa epidemia, forjada na cultura histórica da vantagem, do arrumadinho e da má ideia de que quem os espertos são os heróis, os fortes, e o contrário de malandragem é sinônimo de fraqueza, constituir uma nova mentalidade é tarefa para ontem.
O momento do Brasil favorece ao esforço coletivo de fazer desse princípio um caráter pedagógico, uma matéria a ser estudada, debatida e multiplicada na aposta e esperança pelas novas gerações. Porque o legado da atual só deixa exemplo a não ser seguido.