Seus intelectuais, como volta a fazer o incansável André Singer na Folha deste sábado, incluem o governo Temer no arco de forças que perseguiriam o PT e as esquerdas. A tese é de uma burrice estupefaciente.
Boa parte dos “companheiros” não percebeu que o alvo é a política como um todo. E só por isso lhes é tão difícil combater os atos de exceção contra Lula. Porque tais atos vão se transformando no modo de ser da Polícia e da Justiça.
E, por certo, não haverá uma voz de esquerda a apontar os atos de exceção de que o próprio Michel Temer é alvo.
Com efeito, não há um Reinaldo Azevedo de esquerda. Os esquerdistas podem até achar isso uma maravilha. Asseguro, no entanto, que não é. Não perceber que toda a política está no patíbulo e que os métodos de exceção não escolhem camisa partidária chega a ser de uma estupidez criminosa.
Mas, vá lá, entendo. Este liberal de direita aponta os desmandos de que Lula também é vítima porque, afinal, dado o meu conservadorismo em matéria de legislação, recuso, numa democracia, tudo o que fuja ao molde legal-institucional, que traz em si os caminhos para a própria mudança.
Com um esquerdista, é diferente. Eles também fazem da agressão a esse molde legal-institucional um jeito de fazer política. Como a Lava Jato. A indignação dos companheiros, no fim das contas, é diferente da minha: eles só estão indignados porque a PF e o MPF não se restringem a perseguir seus adversários.
Fosse assim, e eles estariam aplaudindo. Como aplaudiram no passado.
Por esse caminho, fiquem certos!, Lula morre na cadeia com ou sem provas. Não morrerá sozinho. Mas também ele morrerá.