O que chama a atenção em discursos como os de Marina Silva (Rede), Joaquim Barbosa (PSB) e Jair Bolsonaro (PSL) é a suposição de que podem governar sem o Congresso; de que a política é mero exercício da vontade, dispensando qualquer forma de negociação. Ainda hoje, eu me espanto quando vejo imbecis — geralmente de esquerda; mas também os há à direita — a censurar o governo petista por aquela que era uma de suas poucas qualidades: a capacidade de fazer alianças.
Há dias, Marina concedeu uma entrevista em que falava justamente da necessidade de renovação. Ela, a disputar a Presidência pela terceira vez, entende-se, seria, sabe-se lá por qual caminho, uma novidade… Tenham paciência! Mas volto ao ponto: na tal entrevista, ela disse, naquele tom suave, que acredita ser chegada a hora de PSDB, PMDB, PT e outros partidos, digamos assim, tradicionais, se aposentar, tirar umas férias do poder.
Então tá! Creio que, se eleita, a sonhática não vá procurar aquelas legendas para compor uma aliança em favor da governabilidade. Afinal, estarão de férias, não é?, em jejum! Pergunta: como Marina e os outros, eleito um deles, pretendem negociar com um Congresso que corre o risco de ter, nos tais partidos tradicionais, a melhor das coisas possíveis? Notem que falo na “melhor das coisas possíveis”. O risco de a renovação eventual redundar em degradação da vida pública é imenso.
Vale dizer: o discurso contra a política é sedutor, mas não governa. Se governo houvesse, então seria a vitória de um estelionato. E, já sabemos, isso não acabe bem.
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