Corrupção mata. A sentença foi dada pelo presidente da CNBB, cardeal Sérgio da Rocha, no lançamento da campanha da fraternidade 2018.
A frase também ganhou expressão na boca do procurador da República, Deltan Dallagnol, para quem a corrupção “é uma assassina sorrateira, invisível e de massa”.
Cabedelo, região metropolitana de João Pessoa, prova a regra.
Ontem, a senhora cabedelense Jussara Guimarães sentiu na pele esse poder mortífero.
Grávida de nove meses, com dores e contrações, ela procurou o Hospital Geral da cidade. Lá, os médicos chegaram a conclusão que a paciente tinha pouca dilatação e mandaram-lhe embora.
Resultado: Jussara pariu, precariamente, em sua residência. Desprovida de cuidados devidos e passando da hora do nascimento, a criança morreu sem ver a luz do mundo, apesar de todo o esforço da mãe e da ajuda de parentes e vizinhos.
Até onde se sabe, na cidade que bate recordes de arrecadação fiscal no Estado há dificuldades de realização de cesareanas.
O único hospital funciona precariamente e chegou a ser interditado, não faz muito tempo, pelo Conselho Regional de Medicina.
Isso na mesma cidade que quase todas as suas autoridades do Legislativo e Executivo estão encarceradas por desvios milionários de recursos públicos.
Dinheiro que, se não fosse desviado, muito provavelmente daria a Isaías, o sexto filho de Jussara, a chance de nascer vivo.