As operações Lava Jato e Skala indicam que há algo de podre no reino de Michel Temer. Correligionários, amigos e operadores monetários do presidente já se encontram no banco dos réus. O Datafolha informa que Temer tem uma avaliação de sub-Sarney, abaixo da crítica. Apenas 6% aprovam sua gestão. Dilma foi enviada de volta para casa com aprovação de 13%. Com os pés fincados na imoralidade e a cabeça batendo no teto de uma impopularidade inimaginável, Temer insiste em dizer, nas conversas com auxiliares, que será candidato à reeleição.
Temer tem o direito de disputar a Presidência. Ele abdicou apenas dos bons costumes, não dos seus direitos políticos. Um cidadão só pode ser impedido de levar a foto à urna se for bloqueado pela Justiça. Embora existam muitos fichas-sujas esperando na fila do patíbulo, o único condenado inelegível e preso, por enquanto, é Lula. Assim, a inusitada pretensão eleitoral de Temer é apenas uma maluquice, não uma ilegalidade.
Entre quatro paredes, ao justificar sua teimosia, Temer diz ter a certeza de que vai apanhar durante a campanha. E alega que precisa fazer sua autodefesa. Com isso, Temer bloqueia a candidatura de Henrique Meirelles, tumultua a articulação que busca um nome para ocupar o centro e potencializa o fantasma de Jair Bolsonaro, opção da direita paleolítica. Nesse ritmo, na falta de um Emmanuel Macron, abre-se uma avenida para a ampliação da base eleitoral de um candidato como Ciro Gomes ou para consolidação de candidatos de fora da política, como Joaquim Barbosa. Mesmo quem não os aprecia, pode acabar enxergando num deles o mal menor.
UOL