Começam a surgir os primeiros sinais de que a prisão de Lula pode provocar rachaduras no sistema nacional de blindagem de maracutaias. São sinais alvissareiros. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal marcou para terca-feira da semana que vem o julgamento da denúncia contra Aécio Neves.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais julga no dia 24 de abril o recurso do mensalão mineiro do PSDB, cuja rejeição levará para a cadeia o tucano Eduardo Azeredo. A Polícia Federal realizou batidas de busca e apreensão num inquérito ligado ao presidente do Senado, Eunício Oliveira.
Tudo isso acontece num instante em que o PT se diz vítima de perseguição política, o PMDB sustenta que a Lava Jato está criminalizando a política e o PSDB se finge de morto como se a lama não tivesse atingido as suas plumas. Em ano de eleição, é bom que o eleitor perceba que os principais partidos agem para minar a democracia. Não se deram conta de que pior do que os crimes é o esforço para encobri-los.
Como se fosse pouco, um juiz federal de Brasília enviou ao banco dos réus amigos e operadores de Michel Temer. Fez isso numa ação penal em que o presidente só não está encrencado porque a Câmara congelou a denúncia, impedindo que o Supremo tocasse a apuração.
Contra esse pano de fundo, o esforço para alterar a regra que permite a prisão de condenados na segunda instância, como Lula, não passa de uma tentativa de restaurar o sistema de blindagem de corruptos. O Supremo precisa dizer de que lado está.
UOL