O domingo foi um dia de muita dor para quem acreditou no filho de dona Lindu e na sua capacidade de encarnar os sonhos de toda uma geração. Um dia de luto, portanto, a cobrar respeito pelos que sofrem.
Que as ideias briguem, ensinou o deputado Ulysses Guimarães, o líder da oposição ao regime militar de 64, presidente do MDB e, depois, da Câmara e da Constituinte de 88. Os que as defendem não precisam brigar.
A economista Maria da Conceição Tavares também ensinou a mesma coisa depois da redemocratização do país. Cito de memória: “De que adianta conversarmos nós com nós? Adianta conversarmos nós com eles”.
Só há dois meios de se promover mudanças: pela ruptura ou pelo diálogo. Poucas vezes na história da Humanidade, a ruptura deu lugar a um estágio mais avançado do processo civilizatório.
Deu, por exemplo, com a Revolução Francesa de 1789 e seus ideais de legalidade, fraternidade e liberdade que ganharam parte do mundo. Ou com a Revolução Americana de 1776 que pariu os Estados Unidos.
A ruptura fracassou na Rússia de 1917. Ali houve um golpe ao qual chamaram de revolução. E dele emergiu um Estado Autoritário que ruiu em menos de 100 anos. Fracassou também em Cuba de 1959.
A prisão de Lula significa por estas bandas a derrota da esquerda, mas não significa uma vitória da direita. Os dois lados foram postos em xeque pela falência dos seus métodos de conquista e de manutenção do poder.
O que poderá advir está por ser construído. E não se construirá algo melhor à base da imposição ou da indiferença.
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