(São Paulo) – Quem bem definiu o momento do Brasil foi o ex-ministro e deputado federal Miro Teixeira. As provocações de parte a parte já permitem antever uma tragédia.
O clima de tensão instaurado no Brasil reproduz o sentimento de divisão e ódio alimentado pelos extremos de uma polarização que, já está visto, só faz mal ao País.
A vítima da vez foi a caravana do presidente Lula, num ataque inaceitável e digno de todas as repreensões, reprovações e punições.
O ataque a Lula é um tiro contra a democracia brasileira. Representa o sentimento dos segmentos que já não aceitam a via do diálogo e nem o respeito ao contraditório.
E aqui nem adianta dizer que Lula e o PT também insuflam esse jogo perigoso do “nós contra eles, como fez, equivocadamente, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Nada justifica ou minimiza o crime.
Nenhum excesso de militantes petistas, nenhuma exortação ao confronto, nenhuma intimidação, como a de acionar o “exército vermelho de Stédile”, nem mesmo a ameaça de pegar em armas, protagonizada pelo presidente da Cut, Vagner de Freitas, dentro do próprio Palácio do Planalto e na presença da então presidente Dilma Rousseff.
Nenhum eventual deslize verbal ou na ação do PT diminui a gravidade do que fora vítima o partido na região sul.
As cenas depreciativas que estamos tendo a infelicidade de assistir são resultado cruel desse tom que está sendo pintado a política brasileira.
De um lado, vozes da esquerda pregando o enfrentamento a qualquer custo e ameaçando instituições. Primeiro, se houvesse o impeachment, depois se houvesse condenação de Lula e agora se a prisão for consumada.
Do outro, a extrema direita de Jair Bolsonaro embalada numa campanha cujo símbolo nas mãos é uma arma apontada.
Dos homens públicos se espera responsabilidade com a Nação e com a democracia. Não incitação à violência. E é preciso lembrar: violência não se faz apenas com pedras e tiros. A verbal é tão inflamável quanto.