Em meio a uma ruidosa sessão, com direito a transmissão pela televisão e acompanhamento em tempo real dos sites de notícias, um ministro da Suprema Corte de Justiça do Brasil alerta seus colegas sobre a precisão inadiável de sua ausência do julgamento que definiria o futuro político do maior líder de massas do País.
Com bilhetes aéreos em punho, Marco Aurélio justifica a sua necessidade pessoal que levou o STF a adiar a deliberação sobre os pedidos da defesa de Lula.
Adiada, a apreciação corre o risco de não acontecer também no dia 4 de abril, data que foi marcada pela presidente, Cármem Lúcia, para retomada da inflamável análise.
A que pode representar o fim da linha ou o fôlego de esperança para manter a candidatura do petista viva. E o discurso de vítima, por consequência.
Gilmar Mendes tem tudo para não dar o ar da graça na aguardada sessão. Isso porque estará muito ocupado com pomposo evento organizado pelo seu Instituto Brasiliense de Direito Público, em Lisboa.
O cargo de ministro da mais alta Corte do País foi reduzido a uma atividade secundária, não a principal, mais importante e prioritária dos nossos doutos magistrados.
Mesmo bem pagos com os maiores salários da República e ainda montados em auxílios, os ministros estão mais comprometidos com suas atividades particulares.
O País, então, espere pelas suas agendas pessoais.
O Judiciário, que deveria ser nosso último bastião, faz o contrário. Cava ainda mais o poço que pensávamos ser impossível aprofundar.
Quando o Brasil mais precisa dos seus serviços, o STF virou um ‘bico’ para nossos gloriosos ministros.
Talvez porque, de fato, por fora eles faturam mais.