Os ataques à caravana de Lula no Sul do país, com agressividade crescente, compõem o caldo de cultura da intolerância, que atitudes populistas no Supremo ajudam a engrossar. “Ah, então os petistas e o MST são exemplos de conduta política?” Nunca foram! Os métodos usados contra os companheiros, diga-se, não deixam nada a dever às práticas consagradas pelos militantes de João Pedro Stédile. Os fascismos de esquerda e de direita se opõem e se complementam, como ensina a história.
Mas é evidente que uma gestão política da pauta do Supremo, como a posta em prática pela ministra Cármen Lúcia, colabora para acirrar os ânimos e para aumentar a intranquilidade. A doutora sabe muito bem que a tensão sobre o julgamento do habeas corpus preventivo de Lula poderia ter sido evitada se ela tivesse cumprido a sua obrigação e posto em votação as Ações Declaratórias de Constitucionalidade que tratam da prisão depois da condenação em segunda instância. Qualquer que fosse o resultado, a votação do HC seria, na pratica, irrelevante.
Se os ministros decidissem, numa questão com efeito vinculante, que só é possível executar a pena depois do trânsito em julgado, a decretação da prisão de Lula se tornaria sem efeito; se o contrário, o destino do habeas corpus teria resultado certo: contra as pretensões do petista.
Mas Cármen atuou para demonizar os ministros que têm posição contrária à dela. Agiu para constrangê-los. Resultado: as franjas mais radicalizadas do processo político resolvem, então, fazer justiça com pedras, paus e ovos, como se viu em Chapecó, em Santa Catarina. O que querem Dona Cármen e os radicais de toga de última hora que lhe dão sustentação? Que o outro lado se arme também de paus, pedras e ovos para, como direi?, fazer a argumentação política?
Os dias andam bem atrapalhados. O Brasil tem um caminho, que é aquele que lhe oferece a Constituição. Se ignorado, restam a porrada, o confronto de rua, o todos contra todos, o que sempre é do interesse dos malandros.
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