Em exatamente 15 dias, o prefeito Luciano Cartaxo deu uma guinada. Produziu dois fatos políticos de impacto para dentro e para fora da Oposição.
No alvorecer de março, abdicou da disputa ao Governo e decidiu ficar na Prefeitura, deixando a Oposição oscilando entre dois sentimentos: satisfação, para os que lhe queriam fora do páreo, e preocupação, para quem o via como melhor candidato.
Duas semanas depois, Luciano voltou a incendiar as matas políticas.
A filiação ao PV cumpre o propósito do controle definitivo da própria estratégia, saindo, finalmente, da posição de controlado.
Toda liderança sem até grande expressão tem um partido para chamar de seu na Paraíba. O staff de Luciano compreendia que ele, como líder em ascensão, precisava da mesma autonomia para construir um grupo.
Mas não poderia ser um partido qualquer, tipo o PMN, pequena sigla, sem expressão e nem estofo para combinar com um quadro emergente.
O PV – um das poucas legendas cujo dono não era um deputado federal – foi o alvo. O partido carrega em si um conceito, um selo, e uma inserção nacional. O perfil soft e ideal, portanto.
Eis que Luciano passou pessoalmente a comandar os entendimentos com José Luiz Pena, presidente nacional, trazendo para perto o até então presidente estadual, Sargento Dênis, que perdeu a patente, mas não o prestígio.
Operação semelhante à de tomada do PMN de Lídia Moura, compensada com uma secretaria na gestão, o que deve se repetir com Dênis.
Luciano Ganhou duplamente. Tirou um partido da base governista, mas não fechou portas com o Governo. Pelo contrário, agora tem sinal verde para fazer qualquer tipo de aliança.
Na floresta perigosa da Oposição, trocou o figurino de animal em extinção pelo cocar cheio de penas de cacique.
Com o PV nas mãos, Luciano Cartaxo criou um novo ambiente para si e finalmente conquistou o que ainda faltava ao seu projeto: sustentabilidade política.