Boulos vai à luta pelos votos de Lula. Por Bernardo Mello Franco – Heron Cid
Bastidores

Boulos vai à luta pelos votos de Lula. Por Bernardo Mello Franco

4 de março de 2018 às 08h02 Por Heron Cid
Guilherme Boulos, pré-candidato à Presidência

Guilherme Boulos sonha alto. O líder dos sem-teto vai se filiar amanhã ao PSOL. No próximo domingo, deve oficializar sua pré-candidatura ao Planalto. Ele entrará na disputa para herdar os votos de Lula, que deve ser impedido de concorrer.

A operação Boulos-2018 começou ontem à noite, num ato com artistas e intelectuais em São Paulo. O roteiro do evento tinha ares de Lula-1989. A lista de convidados foi encabeçada pelo escritor Frei Betto, conselheiro do ex-presidente desde as greves do ABC. Caetano Veloso, estrela da primeira campanha petista, ofereceu-se para cantar.

Muitas adesões foram costuradas no apartamento da empresária Paula Lavigne, point de celebridades que se engajaram no “Fora Temer”. Boulos esteve lá há dez dias. Atraiu olhares curiosos e saiu com promessas de apoio.

A luta por moradia projetou o líder do MTST, um dublê de psicanalista e ativista político. Formado em filosofia na USP, ele trocou a sala de aula pela rotina de piquetes e ocupações. Sem filiação partidária, comandou alguns dos maiores protestos contra o impeachment. Agora tenta se desfazer da imagem de radical para aumentar as chances na eleição.

“O desafio é reduzir o preconceito e o medo de parte da classe média. O MTST ainda assusta muita gente”, admite o deputado Chico Alencar, do PSOL. Ele diz que Boulos pode encarnar uma esquerda “autêntica”, desiludida com os descaminhos do PT.

Outros articuladores da candidatura se miram nos exemplos de Bernie Sanders, nos EUA, e Jeremy Corbyn, no Reino Unido. Com discurso antissistema, os dois surfaram no desgaste da política tradicional. Não se elegeram, mas conseguiram transformar suas campanhas em movimentos. É a missão de Boulos, que terá a líder indígena Sonia Guajajara como vice.

Não será fácil. Ele terá que disputar o espólio lulista com Marina Silva, Ciro Gomes, Manuela d’Ávila e um virtual poste do PT. Ainda é desconhecido pela maioria do eleitorado e aparece com apenas 1% nas pesquisas. Aos 35 anos, o novo presidenciável tem a vantagem de poder esperar. Lula concorreu pela primeira vez aos 44, e quase chegou lá. Venceu na quarta tentativa, no dia do seu 57º aniversário.

O Globo

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