Primeiro foi o tráfico de drogas que começou a cobrar uma espécie de imposto sobre o preço dos principais produtos vendidos aos moradores das zonas de risco do Rio de Janeiro – botijões de gás, ligações de luz, transportes e até cigarros.
Depois, a mesma maneira de se autofinanciar foi adotada pelas milícias que oferecem aos moradores proteção contra os traficantes.
Finalmente, chegou a vez de uma empresa estatal. O Correios anunciou que cobrará uma taxa extra de R$ 3 para entrega de encomendas no Rio.
Segundo a direção da empresa, ficou mais cara e muito mais perigosa a entrega de encomendas nas áreas sujeitas à violência do tráfico e das milícias. E como essa conta precisará ser paga por alguém, que seja pela população mais pobre dos morros que cercam a cidade.
Ou seja: além de não oferecer segurança como a lei o obriga, o Estado passará a cobrar por sua própria deficiência.
O Correios ganhará nas duas pontas. Quem manda encomendas para o Rio paga por mandar. Quem deveria receber, pagará para receber. Outros concessionários de serviços públicos poderão desejar fazer a mesma coisa.
Hoje, no Rio, há cerca de 850 áreas de risco onde moram um milhão e meio de pessoas sob Estado de Exceção. Ali, não vigoram as leis que regularam a vida dos demais cidadãos. Vigoram as leis do tráfico e das milícias.