Não é preciso muito esforço para notar que a relação incestuosa de Michel Temer com o PTB do ex-presidiário Roberto Jefferson transformou o Ministério do Trabalho numa casa da Mãe Joana. No comecinho de janeiro, o PTB indicou para a pasta o deputado maranhense Pedro Fernandes. Vetado por José Sarney, ele virou ex-ministro antes de ser nomeado. Jefferson emplacou, então, a filha Cristiane Brasil. Nomeada, ela foi ministra por 48 dias sem assumir o cargo. A Justiça não deixou.
Depois da descoberta de que a quase-ministra do Trabalho amargara condenação na Justiça trabalhista, Temer prometeu a Jefferson que não transformaria sua filha numa Joana D’Arc. De fato, o governo não levou Cristiane Brasil à fogueira. Apenas fez de conta que não viu quando o PTB, já meio de saco cheio do seu presidente, ligou o microondas para que Cristiane Brasil fosse frita na própria gordura.
Com a filha já bem passada, Jefferson indicou outro nome: Helton Yomura, que já responde interinamente pelo ministério. Seu partido rebelou-se. Temer conseguiu um milagre: trocou um ministério pelo apoio do PTB. E criou uma guerra em que um pedaço do partido ameaça brigar com o seu governo. Armado o escarcéu, o presidente decidiu não decidir. Vai esperar até o fim de março por um nome consensual do PTB. Se fosse possível ouvir o outro lado, Mãe Joana decerto diria que a pasta do Trabalho não é a sua morada. Trata-se de mais um puxadinho da Casa do Temer, acusaria a veneranda senhora.