Politicamente, o presidente Michel Temer jogou bem com a intervenção federal no Rio de Janeiro. O impopular presidente trocou antipática Reforma da Previdência pelo combate à violência, tema número um na ordem de prioridade de dez entre cada dez brasileiros.
A jogada foi tão acertada que incomodou do ultra Jair Bolsonaro – até então o único dono discurso da segurança – à esquerda liderada pelo PT.
Pegos de surpresa com o direto da articulação de Temer, os dois extremos se uniram nos ataques à intervenção. Não deu pra disfarçar. Sentira o golpe (sem trocadilhos).
Atacado de todos os lados e preocupado em fazer dos ajustes fiscais e reformas seu grande legado, Temer saiu das cordas. Deixou de lado o seu alinhamento com o mercado – que não já não contava mesmo com a Reforma da Previdência pra já – e resolveu dialogar com quem lhe rejeita: as massas.
Não se sabe se o movimento de Temer no Rio, com seus reflexos e olhares de todo o Brasil, terá tempo para tirá-lo do fundo do poço e colocá-lo na superfície do debate eleitoral, esfera que ele e seus aliados se animam a participar.
Mas, uma coisa é certa: o presidente saiu da posição desconfortável de avestruz e estorvo para a condição de protagonista de um tema que todo mundo tem interesse.
Com uma vantagem; diferente de Bolsonaro, Temer tem a caneta para fazer algo concreto. Ao contrário de Lula e o PT, co-partícipes diretos da gangue de Sérgio Cabral, que tungou o Rio e o levou ao descontrole, ele se atreve a tomar alguma medida concreta na segurança pública do Estado.
Se até a eleição conseguir controlar ou estabilizar a violência por lá a níveis aceitáveis, o presidente terá um discurso popular para chamar de seu. Se a intervenção fracassar, como praticamente todos os prognósticos apontam, tudo não terá passado de mera tentativa e Temer sairá tão fraco quanto entrou.
No caso de Michel, um risco mínimo. Quase devendo aprovação, ele pouco ou nada tem a perder. Pra ele, pior que tá não fica, diria o filósofo Tiririca.