Não dá pra entender. O Governo que sancionou projeto de lei que obriga todos os estabelecimentos comerciais do Estado a afixar placa alertando multas contra preconceitos ao público LGBT foi o mesmo que vetou proposta que determina a inserção do símbolo mundial do autismo nas placas de sinalização a atendimento prioritário em estabelecimentos públicos e privados na Paraíba.
O veto ao projeto de autoria do deputado Bruno Cunha Lima (PSDB), líder da Oposição, provocou protesto e revolta da Associação de Amigos do Autista (AMA), Vânia Pinheiro. Ela ressaltou as dificuldades enfrentadas pelos responsáveis de pessoas autistas no dia-dia.
Os autistas não têm tolerância para esperar, além disso, ambientes com poluição sonora e visual são estressantes, o que pode desencadear um comportamento atípico. Vânia destaca que o projeto seria um avanço e lamenta que tenha sido vetado.
Eu mesmo, recentemente, testemunhei um caso desses. Numa clínica de radiologia de João Pessoa uma criança autista esperava para ser atendida desde o começo da manhã. Com a demora, passou a demonstrar total desconforto e descontrole emocional.
A mãe andava pelos corredores desesperada pedindo prioridade no atendimento à criança que, para agravar o quadro, estava de jejum para o exame. Funcionários não sabiam como lidar com a situação e pouco fizeram para apressar o atendimento.
O projeto vetado traria avanços e evitaria, na opinião de Vânia, situações de desrespeito como essas, mas nada disso foi capaz de sensibilizar o Governo, que alegou questões de constitucionalidade e conveniência administrativa.
E, ao que tudo indica, vai ficar por isso mesmo. Pais e mães de autistas ainda não fazem o mesmo barulho que o movimento LGBT. E há mais gente mobilizada em impor a luta de gêneros do que assistir a quem não tem a opção de escolher nascer autista.
