Tanto quanto o feriado, já é tradição. Em ano eleitoral, a política aguarda primeiro o barulho do carnaval para depois escolher a música a ser tocada.
Os políticos também absorvem a máxima de que o ano só começa após a festa.
Em parte, por ser verdadeiro e, portanto estratégico, em parte como desculpa para postergar definições ainda em fase de tabulação.
Até lá, eles podem paquerar com todas as escolas e cores partidárias. Sondar as notas dos concorrentes e averiguar quem se saiu melhor em vários quesitos.
Mas, depois, não tem jeito. Passada a quarta-feira de cinzas, as brasas voltam a acender.
A partir daí, todos começam a colocar em prática suas verdadeiras fantasias e a despejar suas alegorias na avenida das confabulações.
Depois do carnaval, muitas máscaras caem e a face e intenções de cada um começam a se revelar.
E o eleitor, já curado da ressaca e do entorpecimento voluntário para esquecer as amarguras e frustrações, dá o tom da batida do bumbo.
Chega a vez dele, Rei das urnas, eleger seu ritmo. Quem não souber interpretar sua melodia, fica só atrás do trio elétrico. Vendo a banda passar, como canta Chico Buarque.