O “direito penal de Curitiba” é um filho dileto da esquerdização das faculdades de direito empreendida pelo petismo desde o começo dos anos 80 — de direito e do resto; ocorre que, nessa área, os efeitos são dramáticos. O “direito criativo” dos companheiros, com suas heterodoxias e seu desrespeito às leis, foi abrindo as janelas para a intervenção destrambelhada de procuradores e juízes. Aderiu-se à “dura lex sed lex” do alarido, do vulgo, da militância.
Lula e os petistas só não contavam que pudessem se tornar alvos dessa fúria, que juntou àquelas práticas exóticas o moralismo rancoroso, que é o túmulo da moral. Não por acaso, dado o figurino, chamo os procuradores mais exaltados de “TFPT”: há lá uma mistura de fanatismo quase religioso com aquele espírito policialesco que tão bem caracterizava o tal partido da “ética na política”, não é mesmo?
O companheiro Lula tem de considerar que, no seu caso, há ao menos um processo. O partido que ele construiu moeu reputações ao longo da história mesmo sem processo nenhum. Já que ele me usa como referência, vai uma dica: tente saber, ex-presidente, o que o PT fez com a biografia de Eduardo Jorge Caldas Pereira. Mais ainda: foram os procuradores petistas, os “tuiuiús” — grupo a que pertencia Rodrigo Janot quando jovem —, que criaram a pecha de “engavetador-geral da República” para Geraldo Brindeiro, por exemplo, aquele procurador-geral que tinha o mau hábito, para padrões petistas, de só oferecer uma denúncia se o inquérito conseguisse apresentar ao menos alguma coisa que pudesse um dia, quem sabe, ser uma prova.
Essa prática de a denúncia não trazer nada além das acusações ou indícios que motivaram o inquérito e de um juiz ou ministro do STF aceitá-la só para que se dê continuidade à investigação, pouco importando que a pessoa, no caso, passe à condição de ré… Bem, essa é a mais pura expressão do “direito achado na rua”, do “direito achado no petismo”, do “direito achado no alarido”.
Não por acaso, a banda realmente à esquerda do Supremo, nomeada por Dilma, adere com fúria à sanha punitiva: Edson Fachin, Roberto Barroso e Rosa Weber. A eles se junta Luiz Fux. Não que este seja esquerdista. Ele só quer dividir os aplausos.
Encerro
Os tontos e as tontas que riram não perceberam que Lula, com efeito, estava pedindo que estudassem. Eu estudo. Inclusive a história do PT.
Ah, claro! Esta poderia ser a chance de ouro de algo parecido com vingança, né? Pois é. Eu combato os petistas porque acredito nas coisas que acredito, ainda que eles próprios possam se beneficiar dos valores que fundamentam essa crença.
Lula, no fim das contas, está recomendando que os outros jornalistas sigam os meus passos porque, ao analisar o seu caso, estou sendo, como sempre… antipetista! É meu antipetismo que lhe dá o benefício da dúvida e que não aceita a condenação sem provas.