A chegada de Carlos Marun à pasta da articulação política do governo é marcada por percalços. Já foi adiada um par de vezes. E teve de ser protelada novamente por conta da internação hospitalar de Michel Temer. É como se os céus enviassem recados ao presidente, oferecendo-lhe sucessivas oportunidades para rever a escolha de Marun.
Mal comparando, Temer está na posição do padre da anedota, que teve a igreja invadida por uma enchente. Um fiel, um funcionário da defesa civil e um bombeiro tentaram convencer o padre a abandonar a igreja. “Deus está comigo, nada me acontecerá”, respondeu o padre três vezes, antes de morrer afogado. No céu, ele perguntou a Deus: “Por que me abandonaste, Senhor”. E o Todo-Poderoso: “Ora, padre, mandei três emissários. E você não deu ouvidos!”
Alheio aos avisos do Além, Temer mantém a escolha de Marun. A principal credencial do personagem é a truculência na defesa dos amigos denunciados criminalmente. Foi assim com Eduardo Cunha e com o próprio Temer. Marun tem vocação para o confronto, não para a articulação . Ele chegou à pasta da articulação política num instante em que o núcleo central da base congressual de Temer passou a ser o centrão. Daí a opção do presidente. As principais características do centrão são os movimentos pesados e a lama. Um ambiente assim não é compatível com almas leves. Pede tratores e maruns.
O problema é que Temer já está com a água pelo nariz.