Pra começar, as férias. Dezembro tem a cara de férias escolares. E não tem nada mais esperado do que a pausa da jornada do colégio. Eu era desses que contava os dias e as horas.
Sabia que naquele mês poderia correr mais pelas ruas de pés descalços, ficar mais tempo no quintal inventando brincadeiras, tocar bateria de latas de leite ninho e até aumentar no meu caderninho a lista de composições da banda que só eu sabia da existência.
Quando Deus ajudava, dezembro era de chuva na minha Marizópolis, tempo nublado, terra molhada e a rua empoeirada agora estava fofinha para gente jogar bola de manhã, de tarde, e de noite. Só íamos para a casa puxado pelas orelhas.
A cidadezinha se enchia de visitantes. Os filhos distantes (São Paulo, Rio, Brasília) voltavam para rever os amigos e matar as saudade da família e das origens. Tudo era motivo para festa. A aura se enchia de celebração.
A Igreja de Santo Antônio ganhava seu singelo presépio. No fim da missa, olhos para as luzes e as miniaturas em volta da manjedoura. As cores de Natal enchiam as casinhas de esperanças e nem dava tempo lembrar da vida de limitações.
Décadas depois, o sentimento sempre se renova. Ainda hoje, dezembro carrega em mim esse espírito de renovo e de preparação do novo ciclo.
Ele chega trazendo arrancando em nós a gratidão que estava adormecida, o perdão ainda represado, o arrependimento verdadeiro e a alegria de partilhar.
Com dezembro, a lembrança do nascimento de Jesus, aquele cuja vida mudou a vida da humanidade. É quando a estrela de Belém brilha mais forte em nossos corações.
Para completar, um brinde: é o mês do meu aniversário. Tem como, pra mim, não ser o melhor do ano?