Nos últimos seis meses, Michel Temer demonstrou que a honestidade é uma virtude facilmente contornável. Fez isso ao obter da Câmara o congelamento de duas denúncias criminais. Depois de desperdiçar quase meio ano do seu mandato-tampão para se salvar, Temer retoma o objetivo de salvar o país. Ele assegura que aprovará a reforma da Previdência.
O problema é que Temer conseguiu manter a cabeça sobre o pescoço com métodos que levaram os aliados à sua volta a perder as suas cabeças. Hoje, embora reconheçam que a mexida previdenciária é essencial, os deputados governistas alegam que já se desgastaram demais socorrendo o presidente. E não se dispõem a aprovar mais uma reforma impopular na antessala das eleições.
Sem os 308 votos de que necessita para prevalecer na Câmara, Temer torra milhões numa campanha publicitária para esclarecer ao povo o quão necessária é a reforma que seu governo não consegue aprovar. Simultaneamente, Temer se vangloria de ter recolocado a economia nos trilhos. É lorota. Em verdade, Temer comanda um governo aético e disfuncional, que torna precária uma retomada do crescimento econômico que deveria ser exuberante. No momento, o Brasil é presidido por um estorvo.