Todos sabem que o muro é o habitat natural dos tucanos. Mas a incapacidade crônica do PSDB de tomar decisões evoluiu para uma esquizofrenia. O partido ensaia seu desembarque do governo há quase seis meses, desde a explosão do grampo do Jaburu. Mas foi ficando. De repente, o tucanato foi saído da administração Temer: “O PSDB não está mais na base de sustentação do governo”, disse aos jornalistas o chefe da Casa civil de Temer, Eliseu Padilha.
Num artigo publicado no início do mês, Fernando Henrique Cardoso, o farol do PSDB, havia iluminado o drama do partido: “Ou o PSDB desembarca do governo e reafirma que continuará votando pelas reformas, ou sua confusão com o peemedebismo dominante o tornará coadjuvante na briga sucessória”, escreveu FHC. Ele não se deu conta. Mas a posição subalterna do seu partido já estava consolidada.
Uma das características da esquizofrenia é a dissociação entre o pensamento e a ação. O fenômeno provoca no doente uma perda de contato com a realidade e uma desagregação da personalidade. Aécio Neves, símbolo da degradação tucana, disse que o PSDB sairia do governo pela porta da frente. Era alucinação. O PSDB não saiu. Tornou-se o primeiro partido da história a ter alta de um governo.