Onde se lê: Michel Temer ainda opera com a possibilidade de ser candidato à reeleição; leia-se: Temer está à procura de uma saída para não cair nas mãos do juiz Sérgio Moro tão logo deixe o cargo.
Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, declarou, ontem, que Temer não tem “nenhuma pretensão” de concorrer às eleições de 2018. Como concorreria com uma popularidade tão rala?
O que Temer aspira é a continuar desfrutando de foro especial, o que lhe asseguraria o privilégio de só poder ser investigado e processado pelo Supremo Tribunal Federal.
Tudo, ali, arrasta-se com uma lentidão irritante para quem cobra da Justiça rapidez e eficiência. Se processos contra políticos não prescrevem, haverá sempre um ministro disposto a dar um jeito.
A nomeação de ministros de tribunais superiores depende do Senado. A aceitação de pedido de impeachment contra algum deles depende do presidente do Senado. Vida que segue.
Dos 11 ministros do Supremo, oito já votaram para acabar com o foro especial para deputados federais e senadores. O ministro Dias Toffoli pediu vista e, com isso, adiou ali qualquer decisão.
A Câmara dos Deputados promete deliberar em breve sobre o assunto. É duvidoso que o faça em breve ou a médio prazo. Quem está disposto a renunciar a privilégios?
Para manter o seu, uma vez que não mudem as regras atuais, seria preciso que Temer fosse nomeado ministro do próximo governo. Ou então embaixador em algum país.
A ex-presidente Dilma Rousseff tentou fazer de Lula ministro para protegê-lo de Moro. Foi impedida pelo ministro Gilmar Mendes em decisão monocrática.
O Congresso bem que poderia aprovar uma emenda estendendo a ex-presidentes da República o direito ao foro especial. Seriam gratos Sarney, Collor, Lula e Dilma, ex-presidentes em apuros.
Tudo por aqui é possível, sim, mas tudo tem um custo.