Tá todo mundo errado? – Heron Cid
Opinião

Tá todo mundo errado?

29 de novembro de 2017 às 10h25 Por Heron Cid
Monumento da Praça dos Três Poderes, em João Pessoa

Já faz um tempinho que o debate em torno do duodécimo dos poderes, previsto para o orçamento de 2018, rende na Paraíba.

A queixa, judicializada e já tramitando no STF, é generalizada. Os poderes repetem a reclamação de anos anteriores: o cálculo feito pelo Executivo atropela direitos aos valores devidos a serem repassados.

No acúmulo e penitência de quase cinco anos, as instituições dessa vez resolveram questionar o Governo e se insurgir contra o que consideram represamento de recursos.

O Governo rebate argumentos e se vale de um discurso fácil e confortável de sustentar na opinião pública.

Mais ou menos assim. Os poderes já são privilegiados demais, devem cortar na carne, se adequar a crise e, já que estes dão ‘pouco retorno’ à sociedade, deixar folgas para o Executivo realizar ações e obras.

É como se somente o Executivo prestasse serviço e necessitasse de verba. Ou como se somente no Executivo não houvesse gorduras e nem privilégios a cortar.

Ou como se no TJ, MP, TCE, Defensoria, e outros, todo mundo ficasse lá de braços cruzados arrotando regalias e sem nenhuma demanda social para atender.

Há, obviamente, excessos em todos os quadrantes da administração pública. E quanto mais se tem dinheiro, maior a tendência de se gastar mal ou fora das prioridades.

Ainda que existam os desajustes suscitados, essa regulação não cabe ao Executivo. É dever da sociedade e dos órgãos de controle. Ao Executivo cabe o repasse devido e operar o seu orçamento conforme as suas prioridades. Mesmo direito têm os outro entes.

Então, nem tanto ao mar e nem tanto a terra. Nas suas peculiariedades, os demais poderes também têm sua contribuição e obrigações para com o público.

Não basta para o nosso sistema um Poder funcionar bem. Esse desequilíbrio gera uma distorção e deformação social que termina atingindo à cidadania.

Tanto que estamos a assistir um Tribunal de Justiça fechando comarcas e um Ministério Público funcionando a duras penas, sem pessoal, por falta de lastro financeiro para contratar.

Será que é aceitável consentir que todos os órgãos, sem exceção, estão errados e só, e apenas, o Governo está com toda a razão?

Está na hora de o bom senso bater a porta do entendimento.

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