Eles estão vencendo. Por Ricardo Noblat – Heron Cid
Bastidores

Eles estão vencendo. Por Ricardo Noblat

13 de novembro de 2017 às 10h26 Por Heron Cid
Aécio Neves e Michel Temer (Foto:(Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O que significa “sair do governo pela porta da frente”? É o que fará o PSDB, segundo garantiu no fim de semana o senador Aécio Neves (MG), duas vezes afastado do mandato por decisão da Justiça, com ele reconciliado graças à intervenção dos seus pares.

Sim, o mesmo Aécio que construiu com dinheiro público um aeroporto para chamar de seu, e descolou R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista.

Sair do governo pela porta da frente significaria sair de livre e espontânea vontade? Pois o PSDB arrisca-se a sair enxotado por Temer, que poderá antecipar a reforma do seu ministério para não perder o apoio de partidos mais à direita.

A ser abandonado pelo PSDB, Temer prefere abandoná-lo antes. Dos atuais quatro ministros do PSDB talvez segure dois: Aloysio Nunes (Itamaraty) e Antonio Imbassahy. (Secretaria do Governo).

Sair do governo pela porta da frente significaria ganhar tempo para dar um jeito de não sair? Se dependesse de Aécio e de parte dos deputados federais do partido, o PSDB ficaria no governo até o seu final.

Aécio, porque precisa da influência do PMDB nos tribunais superiores para escapar de uma dezena de processos. Os deputados, porque ainda à cata de favores que os ajudem a se reeleger.

Aécio arrebentou o PSDB com seu gesto de tirar o colega Tasso Jereissati (CE) da presidência provisória do partido. E não o fez para impedir que Tasso se aproveitasse do cargo para eleger-se presidente na convenção marcada para o próximo dia nove.

De fato, reagiu à intenção de Tasso de fazer uma auditória na contabilidade do PSDB. Foi demais para Aécio. Tasso queria o quê? Expor as entranhas do partido?

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Mas às vezes uma coisa tem a ver com outra, que a outra deu origem, da qual outra decorre ou é tributária.

A resistência ao combate à corrupção é a mãe de quase tudo que aconteceu de relevante desde a queda da ex-presidente Dilma Rousseff. Lula cobrou de Dilma providências extremas para frear a Lava Jato e livrá-lo do sufoco. Não foi atendido. Deu no que deu, inclusive para ela.

Era urgente deter a sangria, como observou certa vez o senador Romero Jucá (RR), presidente do PMDB, um dos alvos da Lava Jato. Temer assumiu a presidência com esse compromisso.

E para satisfação de Lula, Jucá e companhia ilimitada, está dando conta do recado. O Tribunal Superior Eleitoral absolveu-o, e à Dilma, por excesso de provas de que haviam abusado do poder econômico e político para se reeleger.

Duas vezes denunciado por corrupção, duas vezes foi salvo por uma Câmara repleta de deputados acusados do mesmo crime.

Temer pôs no comando da Procuradoria Geral da República uma procuradora acima de qualquer suspeita. Dá-se que por aversão ao risco, medo de errar e estilo centralizador e autoritário, Raquel Dodge não parece inclinada a turbinar ações que possam aborrecer seus patrocinadores.

A Lava Jato respira por meio de aparelhos. Gasta pouco a pouco sua reserva de oxigênio. Vive do passado e dos ajustes de contas com ele. Não tem futuro.

A Polícia Federal ganhou um diretor indicado pela banda podre do PMDB que inclui ministros de Temer. Seu braço direito deverá ser um delegado que em 2014 recebeu dinheiro do comitê de campanha de Temer para se eleger deputado federal. Perdeu.

O Congresso e governo amadurecem novas iniciativas para asfixiar mais ainda o combate à corrupção. Eles estão vencendo.

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