Os partidos do chamado centrão fazem com Michel Temer o que o PMDB fazia com Dilma Rousseff: usurpam a autoridade presidencial. Dilma fez cara feia. E foi destituída pelo PMDB. Temer entregou a alma. Safou-se duas vezes. Agora, é diminuído por quem o salvou. Descobre da pior maneira uma fatalidade da política brasileira: quem com fisiologismo fere com fisiologismo será ferido.
Em meio a uma fase que poderia ser chamada de ‘pilântrica’, a política brasileira produz tristes espetáculos. Para livrar-se de denúncias criminais, Temer inseminou o centrão com cargos e verbas. Vitaminado, o centrão deu à luz uma versão mais impaciente e irascível de si mesmo. Já não se contenta com tudo. Quer mais.
Um dos generais do centrão, Arthur Lira, líder do PP, partido campeão no ranking do petrolão, avisa a Michel Temer: “Ou muda o ministério ou não vota mais nada aqui no Congresso.” O grupo cobiça dois ministérios da cota do PSDB: Relações Institucionais, que gerencia o balcão; e Cidades, que toca o Minha Casa, Minha Vida, visto como máquina de votos. Em vez de derrubar o governo, o centrão deseja ocupá-lo. E não há de ser para fazer bem ao país. Pobre Brasil.