Tomemos como de boa fé a tentativa do deputado André Amaral de pedir a Câmara Federal o pagamento da fatura de sua viagem para assistir a um torneio de kart, em Portugal, fato que, pelo óbvio inusitado, ganhou as páginas de O Globo.
Amaral diz que o compromisso esportivo teria o objetivo de ajudar nas tratativas para a conquista de uma etapa do mundial num circuito de kart, em empreendimento privado no Conde, litoral sul, evento que até onde se sabe já está praticamente definido.
Com todo o esforço para absorver a justificativa do parlamentar, o desconforto ainda se mantém na pista. Nos tempos em que a sociedade luta para diminuir o custo da máquina e cortar privilégios das autoridades, a solicitação termina sendo interpretado como, pelo menos, descabida.
Quando se questiona os valores pagos até ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em agenda oficial ao exterior, o pedido de Amaral chega a parecer afronta, ou deboche mesmo.
Diante da repercussão negativa, André, ao invés de pedir desculpas, gravou vídeo tentando justificar o deslize e ironizando a imprensa e veículos de comunicação que noticiaram o fato.
Esqueceu que a própria Câmara, como era de se esperar, vetou o pagamento das passagens e da estada do paraibano em Portimão, na região do Algarve. Certamente, porque achou, assim como qualquer cidadão de bom senso, que o requerimento pilotava na contramão.
De um jovem como o promissor Amaral, sua própria geração espera conduta antenada com os novos ventos. Precoce, ele ainda pode se vacinar de práticas atrasadas, se encontrar com o presente e, enfim, se inspirar em Ulisses Guimarães, de quem se intitular seguidor.
Se quiser realmente chegar ao pódium, deve começar deixando para trás a defesa extremada do apodrecido governo Michel Temer e largar no pit stop o abaixo-assinado que carrega a tiracolo na folclórica luta para virar ministro. Com tanto pela frente, ainda dá tempo desembarcar dessas ‘viagens’.