Para fazer uma pamonha saborosa ou um doce de caju irresistível, dona Nuita, minha avó, dizia que era preciso achar o “ponto” certo. A receita correta e o respeito a quantidade dos ingredientes não garantiam sucesso no resultado final.
O princípio da culinária também pode se aplicar à política.
Esse equilíbrio é um desafio para o secretário João Azevedo, pré-candidato do PSB ao Governo, a quem entrevistei ontem no Frente a Frente, programa semanal das segundas-feiras, às 21h30, na TV Arapuan.
João é um cidadão respeitável. Até aqui, contra sua honra não há um fato a lhe constranger. Como profissional e secretário, Azevedo é um técnico que exerce com esmero suas funções na gestão pública.
Predicados que isolados não são suficientes para fazê-lo um pré-candidato palatável, tal qual nos ensina a mística da gastronomia.
Nas aparições, entrevistas e contatos políticos, o pré-candidato tem sido mais Azevedo do que João.
Explico. O técnico ou acadêmico, no geral, invariavelmente não tem preocupação com o convencimento. No quesito das emoções, é mais impassível e pouco afeito a linguagem que desperta entusiasmo e seguidores. Esse é o Azevedo.
O nome fácil e comum no dia-dia expressa por si só simplicidade e sensação de proximidade entre locutor e sujeito. Aí é o pai de família, o avô, o filho de Cruz das Armas, o homem com seus sonhos, anseios, lágrimas e dores, o político que teria uma missão a cumprir. Aí está o João.
Na pré-candidatura, tem muito o técnico e pouco o cidadão. O primeiro ainda não permitiu a entrada do segundo em cena. Mais João e menos Azevedo. Talvez seja essa a receita que falta para João Azevedo achar o que ainda não encontrou: o ‘ponto’.