A escalada da violência no Rio de Janeiro por culpa de um governo em colapso e de um aparelho policial a serviço do crime organizado dá razão de sobra às Forças Armadas para que, ali, elas se metam cada vez menos. Foram três as megaoperações que devolveram os militares às ruas do Rio.
As três fracassaram por conta do vazamento de informações. Um recruta acabou preso, suspeito de vazar. Nenhum chefe de gangue foi preso. Nenhum dos 15 mil fuzis em mãos de bandidos foi apreendido. Tão logo os militares foram embora, o crime organizado voltou a atacar – e com desenvoltura.
A situação do Rio cobra uma intervenção branca federal. Branca porque uma intervenção de verdade, que se assuma como tal, impediria a votação de temas importantes no Congresso. É o que manda a lei. Mas outros Estados já sofreram intervenções brancas que trouxeram bons resultados.
Foi assim em Alagoas, por exemplo, quando Fernando Henrique Cardoso era presidente da República. Um general assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Estado. O governador da época abriu as portas do Estado para que a intervenção fosse bem sucedida. O crime organizado acusou o golpe.
Temos no Rio um governador relapso, incompetente, que jamais esteve à altura das exigências do cargo, e cujo mandato foi cassado pela Justiça. Ainda está onde está graças a uma decisão judicial que pode ser suspensa a qualquer momento. Temos um prefeito que é mais bispo do que prefeito. E dois ex-governadores presos.
Na presidência da República, temos um político duas vezes denunciado por corrupção, ameaçado por novas delações e cercado de auxiliares alvos de investigações policiais. Foi justamente na semana em que Temer correu o perigo de perder o mandato que os militares reapareceram nas ruas do Rio. Esperar o que dessa gente?
Ninguém salvará o Rio se os seus habitantes não romperem primeiro com o imobilismo e não assumirem as rédeas do próprio destino.