17 de setembro de 2015. Lideranças e dirigentes do PT foram chamadas às pressas para um café da manhã.
Nele, ouviram o inesperado. Luciano Cartaxo, prefeito da Capital e o maior expoente da sigla, acabara de comunicar sua desfiliação, como proteção ao desgaste da imagem da legenda.
Parte do PT seguiu Luciano na decisão. Outra, se resignou, bateu o pé e ficou carregando a cruz até o calvário atual.
Exatamente ois anos depois, quem perdeu mais: o partido ou Luciano? A resposta do ponto de vista político é óbvia. A reeleição em primeiro turno indicou que o prefeito acertou na turbulenta decisão.
O PT, sem Luciano e alvo de pesada artilharia em nível nacional, não atingiu os 5% (4,43%) dos votos dos eleitores pessoenses, em que pese a qualidade pessoal do seu candidato, o professor Charliton Machado.
Apesar da resistência e espírito aguerrido de seus dirigentes, o partido segue sangrando com os eventos nacionais e vive, aqui, um isolamento, na prática.
O pouco que consegue conviver é com o PSB. Mesmo assim, é um aliado pouco considerado em sua importância e condenado à uma relação indigesta e sem nenhum pingo de envolvimento efetivo.
Vive o desafio de recuperar sua credibilidade, identidade com os movimentos sociais, mas principalmente de renovar seus quadros e atrair a juventude à militância.
Já o prefeito, o nítido ganhador com o movimento, vai cumprindo o script que traçou desde a saída. Venceu a etapa de 2016 e semeia no jardim da próxima parada: 2018.
Ainda hoje é questionado pelos ex-companheiros pela incoerência do abandono. Muitos petistas foram corajosos e optaram pela sua vida de dedicação ao partido, ao invés de simplesmente manter seus salários no secretariado. Mas se esse ponto for a debate, coerência faz tempo deixou de ser o forte do PT.
Por fim, Luciano, convenhamos, nunca foi um convicto e apaixonado petista. E, reciprocamente, o PT nunca morreu de amores por ele.
De lado a lado, o fim do enlace, portanto, não deve ter deixado grandes saudades. No máximo, para alguns, dos tempos de bonança vividos na segunda maior estrutura de poder do Estado.