Atire um esquerdista e um direitista dentro de um processo por corrupção e os dois deslocarão suas massas em meio às denúncias pegajosas de forma semelhante, esperneando da mesma maneira. Do ponto de vista penal, não há nenhuma diferença estatisticamente relevante entre Lula e Michel Temer. Os dois reagem aos estímulos acusatórios de forma idêntica: negam o roubo e alegam ser perseguidos.
Até bem pouco, Lula e Temer eram aliados. Deve-se a Lula a escolha de Temer para ser o vice de Dilma. Passaram a se atacar mutuamente depois que Dilma foi deposta. Mas, apesar das acusações recíprocas, está provado que Lula e Temer se lambuzam quando comem manga ou quando precisam se defender em processos criminais.
Em Curitiba, Lula prestou novo depoimento a Sergio Moro, um juiz que considera suspeito. Já recorreu até à ONU para afastá-lo. E nada. Em Brasília, Temer arguiu a suspeição do procurador-geral Rodrigo Janot no STF. Queria afastá-lo para, depois, anular o processo. Não deu.
Dedurado até pelo companheiro Antonio Palocci, Lula manteve a pose de perseguido diante de Moro. No Supremo, o advogado de Temer disse que ele não pode responder pela mala com a propina de R$ 500 mil que seu amigo Rodrigo Rocha Loures recebeu.
Em termos criminais, é impossível distinguir PT e PMDB. Um teste de DNA talvez revele que, diante de um cofre público, os dois partidos têm a mesma mão grande.