Está destinada a dar em nada – ou melhor: apenas no que interessar a seus patrocinadores – a CPI Mista do Grupo JBS no Congresso que teve, ontem, sua primeira reunião de trabalho.
O principal patrocinador da CPI é o presidente Michel Temer. Demais patrocinadores: ministros do governo alvejados pela delação de executivos do JBS, deputados e senadores dados a achaques.
Dois objetivos orientarão a CPI: enfraquecer o instrumento da delação premiada e atanazar a vida dos delatores do JBS e do procurador-geral Rodrigo Janot, a poucos dias de deixar o cargo.
Temer não perdoa o empresário Joesley Batista que o gravou no porão do Palácio do Jaburu. Nem perdoa Janot que o denunciou por corrupção passiva. Quer ver os dois no inferno.
A levar-se em conta a composição da CPI, ela será mais implacável com o instrumento de delação premiada e com Janot do que com Joesley. E por um motivo muito simples.
Dos 49 parlamentares que fazem parte da CPI, pelo menos 15 tiveram despesas de campanhas pagas pelo Grupo JBS. Receberam cerca de R$ 4 milhões.
A levar-se também em conta o costume enraizado no Congresso há décadas, a CPI poderá render a deputados e senadores mais alguns trocados a serem extorquidos dos seus alvos.
No futuro, talvez se faça uma CPI para investigar a corrupção que permeou todas as CPIs. Mas para isso, o Congresso terá de ser outro. O próprio país terá que ser outro. Depende de nós.