Teste de nervos – Heron Cid
Opinião

Teste de nervos

12 de setembro de 2017 às 10h10 Por Heron Cid

Argemiro de Figueiredo, notório político paraibano, dizia que não se pode fazer política com as entranhas. Aos seus interlocutores, ele estava aconselhando a separar a emoção da razão.

O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, está vivendo esse teste. Com o nome na praça para 2018, é alvo de bombardeio de todos os lados. As vezes direto, outras subliminar. De fora e de dentro.

Ontem, no Frente a Frente, programa que apresento na TV Arapuan, ele exercitou a paciência na qual tem se amparado para administrar o terreno movediço que enfrentará no seu caminho até abril de 2018.

Às perguntas políticas sobre os movimentos do senador José Maranhão e do prefeito Romero Rodrigues, Cartaxo respondeu falando em respeito as pretensões de ambos, disse não ter problemas com eventuais critérios a serem postos na mesa, e, sem afobamento, manifestou crença e serenidade na unidade das oposições.

Até as repetidas alfinetadas políticas e administrativas do governador Ricardo Coutinho mereceram revide ameno. Adota o tom de defesa, mas sem partir para o ataque. E quando faz a crítica, milita em palavras e texto sutil, sem confronto com fratura exposta.

No íntimo, alguns fatores motivam Luciano a gerenciar as crises em torno de si vacinado contra afobação e precipitações. Ele tem se confortado em pesquisas qualitativas e quantitativas que favorecem um patamar de vantagem na disputa, apesar de ainda não ter se declarado candidato.

A respeito dos seus concorrentes internos, Cartaxo confia em fatores de convergência e sobrevivência de todos. No PSDB , enxerga a necessidade prioritária de reeleger Cássio,o que potencializa uma parceria. No PMDB, vê o peso da contrapartida de o partido herdar, de graça, sem voto direto e por três anos, a segunda maior estrutura de Poder do Estado: a Prefeitura de João Pessoa.

Quanto ao inimigo direto, Luciano parece convencido de que, no advento da sucessão, não há espaço e nem luz para ‘postes’ e a Paraíba, no seu sentir, se inclina pela eleição de um governador de novo perfil; alguém que concilie resultados com fluidez, história própria, leveza e bom trânsito nas relações. Coisa que julga em falta no arraial adversário.

Até lá, Cartaxo vai reforçando o seu principal aliado das horas certas e incertas, os nervos. E contendo as entranhas, como ensinou Argemiro, no passado.

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