Argemiro de Figueiredo, notório político paraibano, dizia que não se pode fazer política com as entranhas. Aos seus interlocutores, ele estava aconselhando a separar a emoção da razão.
O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, está vivendo esse teste. Com o nome na praça para 2018, é alvo de bombardeio de todos os lados. As vezes direto, outras subliminar. De fora e de dentro.
Ontem, no Frente a Frente, programa que apresento na TV Arapuan, ele exercitou a paciência na qual tem se amparado para administrar o terreno movediço que enfrentará no seu caminho até abril de 2018.
Às perguntas políticas sobre os movimentos do senador José Maranhão e do prefeito Romero Rodrigues, Cartaxo respondeu falando em respeito as pretensões de ambos, disse não ter problemas com eventuais critérios a serem postos na mesa, e, sem afobamento, manifestou crença e serenidade na unidade das oposições.
Até as repetidas alfinetadas políticas e administrativas do governador Ricardo Coutinho mereceram revide ameno. Adota o tom de defesa, mas sem partir para o ataque. E quando faz a crítica, milita em palavras e texto sutil, sem confronto com fratura exposta.
No íntimo, alguns fatores motivam Luciano a gerenciar as crises em torno de si vacinado contra afobação e precipitações. Ele tem se confortado em pesquisas qualitativas e quantitativas que favorecem um patamar de vantagem na disputa, apesar de ainda não ter se declarado candidato.
A respeito dos seus concorrentes internos, Cartaxo confia em fatores de convergência e sobrevivência de todos. No PSDB , enxerga a necessidade prioritária de reeleger Cássio,o que potencializa uma parceria. No PMDB, vê o peso da contrapartida de o partido herdar, de graça, sem voto direto e por três anos, a segunda maior estrutura de Poder do Estado: a Prefeitura de João Pessoa.
Quanto ao inimigo direto, Luciano parece convencido de que, no advento da sucessão, não há espaço e nem luz para ‘postes’ e a Paraíba, no seu sentir, se inclina pela eleição de um governador de novo perfil; alguém que concilie resultados com fluidez, história própria, leveza e bom trânsito nas relações. Coisa que julga em falta no arraial adversário.
Até lá, Cartaxo vai reforçando o seu principal aliado das horas certas e incertas, os nervos. E contendo as entranhas, como ensinou Argemiro, no passado.