Na casa dos 80 anos, um mandato de senador, com seus longos oito anos, é um coroamento do encerramento da carreira de qualquer político.
Menos de José Targino Maranhão, pela segunda vez no Senado e três vezes governador da Paraíba, um currículo de fazer inveja a qualquer homem público.
Para Maranhão, ainda não é suficiente. No gozo de plena vitalidade e saúde, o peemedebista encontrou mais uma motivação para manter acesa a chama do fogo que aquece a sua alma.
O ex-governador se movimenta com o ar e o espírito de quem ainda não concluiu o bom combate, nem guardou a carreira, como assinalado pelo apóstolo Paulo, ao final de sua missão evangélica.
Não é a toa que, em plena noite de sexta-feira, trocou o conforto de sua casa para um jantar pra lá de simbólico com o ex-governador José Lacerda Neto e sua filha (vereadora) Raíssa Lacerda, que ensaia filiação ao PMDB.
Nem é por acaso que passa a fazer a defesa do deputado Veneziano Vital, punido pelo PMDB pelo voto favorável à denúncia contra o presidente Michel Temer.
Nem muito menos quando se posiciona no centro, entre Luciano Cartaxo e Ricardo Coutinho, se deixando ser cortejado pelos dois sem firmar compromisso com nenhum deles.
E o que Maranhão quer com esses movimentos? Dizer a Luciano que está insatisfeito com a fatia na Prefeitura de João Pessoa? Comunicar a Ricardo que topa voltar às boas com o PSB, desde que seja o cabeça da chapa? Ou mandar a mensagem ao PMDB e ao seu eleitor de sua disposição de repetir a eleição passada e sair na terceira faixa? Ou tudo ao mesmo tempo?
A idade avançada pesa para o senador. Não somente pelo esforço físico alucinante de um pleito, mas pelo enfrentamento conceitual com personagens mais jovens e em processo de ascensão no cenário de renovação.
Nada que esmoreça o querer mais íntimo de Zé. É como se o desafio eleitoral fosse o combustível que o faz sentir vivo. O sentido desse prazer pessoal, talvez até psicológico, desequilibra essa balança, entre riscos e apostas, em favor da leveza de “deixar sempre de lado a certeza e arriscar tudo de novo com paixão”, tal cantou Belchior.
Com o olhar ávido por 2018, Maranhão se apega à conjuntura que o levou ao êxito em 2014. Apesar de aparentemente nada ter a contabilizar como perda, não pode, entretanto, esquecer do erro de 2012. Quando também pouco tinha a perder.