A decisão da Câmara dos Deputados de não criar um fundo de R$ 3,6 bilhões para financiar as campanhas eleitorais do próximo ano facilitou a aprovação pela Câmara de um fundo de R$ 3,6 bilhões ou de menos para financiar as campanhas eleitorais do próximo ano.
Contraditório? Explico.
Por se tratar de emenda à Constituição, a criação, agora, do fundo previsto na proposta de reforma política exigiria o mínimo de 304 votos favoráveis de um total de 513. Só um deputado, ontem, teve peito para votar a favor.
Caberá à Comissão de Orçamento da Câmara estipular um novo ou o mesmo valor de RS 3,6 bilhões para financiar as campanhas. Fará isso subtraindo verbas de outras áreas quando se debruçar sobre o orçamento da União para 2018.
O que a comissão decidir será submetido à votação do plenário da Câmara. Com uma brutal diferença: para que seja aprovado, basta que 257 deputados estejam no plenário. E basta que metade mais um deles concordem com a proposta da comissão.
Se preferir não criar um fundo específico para financiar as campanhas, a Comissão de Orçamento poderá se limitar a sugerir o aumento do volume de dinheiro destinado ao Fundo Partidário, aquele que já existe e que paga despesas dos partidos.
Viu como ficou mais fácil?
Descarte-se a hipótese de os políticos disputarem as próximas eleições com pouco dinheiro ou sem. Eles são tudo, menos bobos ou filantropos.