A fundamentação técnica explanada pelo secretário João Azevedo é convincente. Por A mais B, ele apresenta elementos e dados que dão embasamento para garantia de que o Açude de Boqueirão suporta o abastecimento normal de Campina Grande e região.
O dado mais robusto é o insuspeito parecer da Agência Nacional das Águas, um órgão especializado no acompanhamento e monitoramento dos mananciais.
A solidez nos argumentos do Governo é confrontada por outro parecer, também eminentemente técnico, do Ministério da Integração Nacional, e do DNOCS, instâncias que administram as águas da Transposição e do açude Epitácio Pessoa, respectivamente.
Para estes, somados ao Ministério Público, não há segurança hídrica suficiente para antecipar o fim do racionamento, porque a obra ainda carece de complementos em pontos do percurso das águas de Monteiro até Boqueirão. Na previsão destes, o fim do racionamento seguro só lá para setembro.
Apesar da boa intenção de romper com um ciclo de privação em curso há dois anos e meio, o Governo deslizou em se deixar ser levado pelo esforço político para abreviar o sofrimento embalado pela associação da data com a chegada da caravana do ex-presidente Lula ao Estado.
Pode até ser mera coincidência, mas o movimento ficou no are, encobriu a discussão técnica e teve pronta reação igualmente política da Oposição.
O avanço do debate mostra, porém, que o questionamento vai além desse embate. A palavra de preocupação e discordância mais forte não é dos adversários do governador, mas de instituições revestidas de credibilidade.
Estamos, portanto, em meio a um impasse e choque de visões em duas esferas. E se os técnicos não chegam a consenso, imagine os nossos políticos.