Qual PSDB merece fé? Aquele que ontem à noite, no rádio e na televisão, bateu no peito, admitiu que errou, criticou o presidencialismo que se mantém na base do toma-lá-dá-cá e defendeu o parlamentarismo que a maioria dos brasileiros já rejeitou duas vezes?
Ou o PSDB que, mal o programa de propaganda eleitoral saiu do ar, criticou-o duramente por meio das redes sociais, soltou notas de protesto, disse que o partido nada tinha a ver com aquilo, e defendeu o governo Temer que, por sinal, não fora atacado?
Os que enxergam mal poderiam se valer de uma lupa e procurar no programa alguma crítica direta ou indireta ao presidente da República. Não encontrarão. Mas os ministros do PSDB reagiram como se o presidente e o governo tivessem sito criticados.
Ou reagiram emocionalmente, na base do ouvir falar, ou reagiram com a frieza de cálculo dos que tentam garantir o próprio emprego. Criticado, e com razão, foi o presidencialismo de cooptação praticado por este e pelos governos anteriores, dois deles do PSDB.
Na única vez em que apareceu um retrato de Temer no programa, ouviu-se o locutor dizer que ele enfrentava uma crise política que marcou os últimos três anos, para em seguida perguntar: melhor do que trocar o presidente não seria trocar o regime?
Depois disso foram quase quatro minutos de defesa do parlamentarismo, proposta que consta do ideário do PSDB desde a data de sua fundação. Exibido como se fosse uma autocrítica do partido, o programa foi tudo menos isso.
Foi uma crítica a um sistema político apodrecido. Pode ter servido para animar os eleitores desencantados com o PSDB. Mas serviu também para aprofundar o racha do partido, dividido entre os que apoiam Temer e os que defendem distância dele.
Já passou da hora de o PSDB descer do muro.